Minha delinquência é feminina.
Meus devaneios inverossímeis,
Sem censura, irreversíveis.
Teimosos e lentos em suas origens absolutas
De inversão dos textos cósmicos naturais.
Todos os dias há uma conversa com a loucura,
Um toque em seus lábios púrpura.
Ah! O descompasso em seu próprio...
Já te perguntaste
Quem é o teu duplo?
Sim! Todos temos nossos duplos.
Alguns até mesmo seus múltiplos.
E não é crise de identidade,
É crise de duplicidade, de multiplicidade.
Como vem teu duplo?
Não falo de tua sombra.
Vem ele em espectros plásticos inacabados,
Ou em efígies fluídas,...
Minhas horas, meus dias, meus instantes.
Páginas em branco, páginas escritas.
Todos páginas mutantes,
Lugares de muitas contraditas.
Página vazia, passagem embrumada,
Instante que conheço e desconheço,
Em ti inscrevo muito mais que o nada,
És o lugar frascário, posto do meu...
As lamparinas mendocinas,
Cuidadosamente,
Se escondem, todos os dias,
À sombra de algum álamo.
Elas não gostam muito da luz do sol,
Preferem os contrastes da luz da noite,
Que elas mesmas se põem a fazer.
Minha praça
Tem os balanços pendurados no céu,
Caminhos em macias nuvens
Que refletem a luz do sol
Brotando sob a calçada.
As moças todas andróginas,
Sentadas em meus balanços,
Dispensam seus olhares
Para os paralelepípedos
Que compõem o firmamento.
Por toda a praça
Há chaves...
À resignação e paciência de minha mãe Dora diante das dores que a vida lhe apresentou
A dor
A...
Não moro mais
E ainda moro,
Pois desde sempre morei lá,
E vou morar eternamente
Na casa de minha mãe.
Deixei aquela casa
Com suas paredes cobertas de nuvens,
E continuo sempre morando por lá!
Ando, confortavelmente,
De olhos bem fechados,
Na naturalidade eclipsada
De todos os cantos...
Para Cortázar, o descarrilhador de trens.
Faço todos os dias,
Por meus caminhos de concreto e água,
O milagre da multiplicação das máscaras.
Máscaras sobre máscaras,
Máscaras dentro de máscaras
Compõem meu olhar gasoso,
Sem face,
Oculto em minhas pupilas em...
Eu, o menino bandido
Com meus cabelos dourados
Com meia visão de olho tapado
Seguro em meu colo
O meu pai em corpo de infante
Os relógios não param para nenhum de nós
Mamãe sorri com a boneca na mão
E juntos caminhamos pela velha ponte de concreto e aço
Por onde passam barcos que não...
Desço os degraus
E a escada bate n’água,
Num grito entardecido de meu pai,
Pelas ruas molhadas de minha infância
Quero me precipitar
E me diluir na torrente do rio vermelho,
Num pendor desabado que verte sob meus pés
Meus dentes se pulverizam nas tetas beatas de minha mãe
A escola...