O desespero,
Os tempos mortos e o esquecimento,
As interrupções.
Os tempos mortos.
Nem esperas,
Nem angústias,
Nem recordações.
Somente os tempos mortos e o esquecimento.
Somente sombras,
A vida articulada e perdida em sombras
Expulso da própria imagem
Que fazia de ti em meus sonhos,
Sento e...
A alguns cadáveres democráticos que ainda não sabem que estão mortos, pois nunca foram.
Dobrado sobre mim mesmo,
Em minha transitória singularidade,
Mas coerente em minha disposição,
Corro, permanentemente,
Em minhas assimetrias,
Para contornar o destino,
De tudo o que acontece...
Na manhã de 27∕01∕2013, após uma suave caminhada num luminoso domingo
Há um garoto ladrão,
Que sempre chega em mim,
Acostumado a pilhar os instantes futuros
De um velho que eu nem sei se vou conhecer.
Creio que estão próximos os dias
Em que os dois vão se encontrar.
O velho não vai...
Meus versos caminham soltos,
Sempre mal dormidos,
Por figuras vigilantes e espertinas,
No azul profundo, quase negro,
Dos abismos intratáveis da madrugada,
Para sempre morrerem felizes,
Em afirmações trágicas
Que se evaporam às seis da manhã.
Não dormem, nem acordam,
Simplesmente me...
Quantos e quantos mistérios de minha sofreguidão
Fecham seus olhos, dissimulados,
Impenetráveis,
Junto com o sono da noite?
Quantos e quantos mistérios de meus desejos
Despertam, ostensivos,
Em fortes palpitações,
Em calmas manhãs cinzentas?
Quantos mistérios despertam com cada...
Sempre que cheguei na casa de Landa,
Meus afetos eram nutridos
Com o suave toque
De uma fina e diáfana pele de mel
E com o pulso de um denso e largo coração de coco.
Sempre cheguei pelo lado,
Com passos úmidos em tardes cinzentas.
Aromas de musgos a provocar meus olhos,
Na calçada negra que...
Chuva, ó chuva!
Excesso de noite orvalhada,
És torrente de lágrimas na arcada,
E por onde passas,
Constrói e estilhaça
Os mesmos instantes de vida.
Chuva, ó chuva!
Que nos alegres ditos de minha terra,
És o ingênuo enigma que encerra
Para todas minhas crianças
Em tardes de grande...
Meu amor libertino,
Todo insolente
E extraviado numa coreografia duplicada,
Sem roteiro e feita toda de surpresas,
Pelos movimentos do teu corpo,
Tenta, desesperadamente,
Te fazer repousar em meu abraço.
Ijuí, junho de 2013.
A madrugada é completamente benigna
Em sua desconcertante e plácida insônia.
As cores se acomodam
E se diluem na escuridão,
Na curvatura do eclipse,
Sem espaço nem tempo.
Do velho corredor?
Apenas confortáveis estalos amadeirados
Das profundezas alegres de minha infância.
Não há a menor...
Como verei minha última sombra?
Haverá minha última sombra?
Ou virá ela,
Sem aviso,
Absoluta,
Irresoluta,
Tomar conta e cegar, com sua bruma negra e pesada,
Em uma congelante lambida polar,
O brilho do mundo em meu olhar?
2013